A disfagia neurológica é um tipo de distúrbio de deglutição
Tratamento para Disfagia Neurológica: Como Abordar e Melhorar a Qualidade de Vida
Tratamento para Disfagia Neurológica: Como Abordar e Melhorar a Qualidade de Vida
Por:Paola Pucci
A disfagia neurológica é uma condição que afeta a capacidade de engolir e está diretamente relacionada a doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral (AVC), doença de Parkinson, esclerose múltipla, entre outras. Esta dificuldade de deglutição pode levar a complicações graves, como desnutrição, desidratação e aspiração, que podem resultar em pneumonia. O tratamento adequado para a disfagia neurológica é fundamental para minimizar os riscos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados. Este artigo aborda as estratégias de tratamento mais comuns, incluindo terapias clínicas, mudanças alimentares e intervenções cirúrgicas, quando necessárias.
O que é Disfagia Neurológica?
A disfagia neurológica ocorre quando há um comprometimento das funções do sistema nervoso que controla os músculos envolvidos na deglutição. As doenças neurológicas afetam o controle motor e a coordenação muscular, tornando o processo de deglutição mais difícil e arriscado. Isso pode envolver tanto a dificuldade em iniciar o ato de engolir quanto a incapacidade de engolir corretamente alimentos ou líquidos.
As causas mais comuns de disfagia neurológica incluem:
- Acidente Vascular Cerebral (AVC): Pode causar paralisia ou fraqueza nos músculos responsáveis pela deglutição.
- Doença de Parkinson: Afeta a coordenação motora e pode levar a uma perda de controle sobre os músculos da deglutição.
- Esclerose Múltipla: Danifica as fibras nervosas e pode interferir nos sinais nervosos necessários para deglutir de maneira eficaz.
- Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): Afeta os neurônios motores, comprometendo os músculos da deglutição.
- Demência: Distúrbios cognitivos podem prejudicar a capacidade do paciente em coordenar os movimentos de deglutição.
Como Diagnosticar a Disfagia Neurológica?
O diagnóstico da disfagia neurológica é feito por meio de uma avaliação clínica cuidadosa e testes especializados, como:
- Avaliação clínica: O médico realiza uma série de perguntas e observa os sinais e sintomas do paciente, incluindo a dificuldade em engolir alimentos sólidos ou líquidos.
- Exames de imagem: A videofluoroscopia de deglutição (um tipo de raio-X) pode ser utilizada para observar como o paciente ingere alimentos e líquidos.
- Endoscopia de deglutição: Outro exame possível, que avalia a movimentação da garganta e os riscos de aspiração.
- Teste de deglutição: O fonoaudiólogo pode realizar uma série de testes com diferentes tipos de alimentos e líquidos para avaliar a capacidade de engolir do paciente.
Tratamentos para Disfagia Neurológica
O tratamento da disfagia neurológica varia dependendo da gravidade da condição e da doença neurológica subjacente. A abordagem geralmente envolve uma combinação de terapias clínicas, mudanças alimentares, estratégias comportamentais e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas. Vamos explorar cada uma dessas opções de tratamento.
1. Terapias de Fonoaudiologia
A fonoaudiologia é um dos tratamentos mais comuns e eficazes para a disfagia neurológica. O fonoaudiólogo trabalha com o paciente para melhorar a capacidade de deglutição por meio de técnicas e exercícios específicos. Entre as abordagens utilizadas, destacam-se:
- Exercícios de deglutição: São realizados exercícios para fortalecer os músculos envolvidos na deglutição e melhorar a coordenação motora. Isso pode incluir a prática de engolir diferentes tipos de alimentos e líquidos.
- Treinamento postural: O paciente é ensinado a manter uma postura adequada durante a alimentação, o que pode reduzir o risco de aspiração.
- Técnicas de modificação da deglutição: Em alguns casos, o fonoaudiólogo pode ensinar ao paciente como deglutir de forma mais eficiente, com pausas durante a deglutição ou manobras especiais para melhorar o transporte dos alimentos pela garganta.
2. Mudanças Alimentares e Dieta Modificada
Uma das primeiras estratégias no tratamento da disfagia neurológica é adaptar a dieta do paciente. A modificação da consistência dos alimentos e líquidos pode facilitar a deglutição e reduzir o risco de aspiração. As principais adaptações incluem:
- Alimentos pastosos ou líquidos espessados: Esses alimentos têm uma consistência mais fácil de engolir, o que reduz o risco de engasgos e aspiração.
- Evitar alimentos sólidos ou duros: Alimentos como carne fibrosa, vegetais crus ou alimentos pegajosos podem ser difíceis de engolir e devem ser evitados ou modificados.
- Uso de espessantes: Alguns líquidos podem ser espessados para tornar a deglutição mais fácil e segura. Produtos como espessantes de alimentos podem ser adicionados a líquidos, como água, sucos e sopas.
- Frequência de refeições: Em alguns casos, as refeições podem ser distribuídas ao longo do dia, com porções menores e mais frequentes, para ajudar na digestão e evitar o esforço excessivo durante as refeições.
3. Terapias de Estimulação e Biofeedback
Em certos casos, terapias de estimulação elétrica neuromuscular (EENM) podem ser utilizadas para melhorar a função muscular envolvida na deglutição. A EENM aplica pequenas correntes elétricas nos músculos da garganta para ajudar a fortalecer e melhorar a coordenação. O biofeedback também pode ser utilizado, ajudando o paciente a se conscientizar dos músculos que estão sendo ativados durante a deglutição.
4. Intervenções Cirúrgicas
Em casos graves de disfagia neurológica, especialmente quando as terapias conservadoras não são suficientes, a cirurgia pode ser considerada. As opções cirúrgicas podem incluir:
- Dilatação esofágica: Caso haja estreitamento do esôfago devido a condições neurológicas, um procedimento de dilatação pode ser realizado para alargar a passagem do esôfago.
- Colocação de tubo de gastrostomia (sonda nasogástrica): Quando a deglutição é extremamente difícil, um tubo pode ser inserido diretamente no estômago para permitir a nutrição e hidratação do paciente sem risco de aspiração.
5. Cuidados Psicossociais e Apoio Emocional
A disfagia neurológica pode afetar não apenas a saúde física do paciente, mas também seu bem-estar psicológico e emocional. O tratamento deve incluir suporte psicossocial para lidar com os desafios emocionais associados à perda de funções alimentares. A terapia ocupacional e o apoio emocional, tanto para o paciente quanto para a família, são fundamentais para ajudar o indivíduo a lidar com as mudanças no estilo de vida.
Conclusão
O tratamento da disfagia neurológica é multifacetado e requer uma abordagem individualizada que envolva uma equipe de profissionais de saúde. A intervenção precoce, combinada com terapias fonoaudiológicas, mudanças na dieta, estimulação neuromuscular e, quando necessário, intervenções cirúrgicas, pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes com disfagia. Além disso, é importante oferecer suporte emocional e psicológico para ajudar o paciente a lidar com os aspectos emocionais e sociais dessa condição.
O diagnóstico e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações graves, como a desnutrição e a aspiração, e para garantir que os pacientes possam manter uma alimentação segura e satisfatória. Com o acompanhamento adequado, é possível que muitos pacientes com disfagia neurológica desfrutem de uma vida mais saudável e autônoma.

Paola Pucci
Eu sou Paola Pucci e meu propósito é capacitar e despertar profissionais da saúde para que conquistem reconhecimento, liberdade financeira e segurança na carreira. Sou especializada em Neurogeriatria e, nos últimos anos, tenho me dedicado a qualificar profissionais transformando suas vidas e de seus pacientes.