O que é, tipos e causas de disfagia em idosos

O que é, tipos e causas de disfagia em idosos

O envelhecimento traz diversas mudanças fisiológicas, e uma das condições que pode afetar significativamente a qualidade de vida dos idosos é a disfagia. Esse distúrbio da deglutição pode comprometer a ingestão de alimentos e líquidos, levando a riscos graves como desnutrição, desidratação e aspiração pulmonar.

Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é a disfagia, seus tipos e as principais causas em idosos, além de discutir formas de prevenção e tratamento.

O que é disfagia?

A disfagia é um distúrbio caracterizado pela dificuldade em engolir alimentos, líquidos ou saliva. O ato de engolir envolve uma complexa coordenação entre os músculos da boca, língua, faringe e esôfago, além do controle neurológico. Quando esse processo é comprometido, o idoso pode apresentar sintomas como engasgos frequentes, tosse durante a alimentação e sensação de comida presa na garganta.

A disfagia não é uma doença em si, mas um sintoma de diversas condições médicas. Em idosos, ela é especialmente preocupante, pois pode levar a complicações severas, como desnutrição e pneumonia aspirativa.

Tipos de disfagia

A disfagia pode ser classificada em três tipos principais:

1. Disfagia Orofaríngea

Esse tipo de disfagia afeta a fase inicial da deglutição, que ocorre na boca e na garganta. O idoso pode ter dificuldades para mastigar os alimentos, formar o bolo alimentar e direcioná-lo corretamente para o esôfago.

Principais sintomas:

  • Dificuldade em iniciar a deglutição.
  • Tosse ou engasgos frequentes ao comer ou beber.
  • Sensação de que os alimentos estão presos na garganta.
  • Alterações na voz após a ingestão de líquidos ou sólidos.

A disfagia orofaríngea está frequentemente associada a doenças neurológicas e musculares.

2. Disfagia Esofágica

A disfagia esofágica ocorre quando há um problema na passagem dos alimentos pelo esôfago, o tubo que liga a garganta ao estômago. Esse tipo de disfagia pode ser causado por obstruções ou alterações na motilidade esofágica.

Principais sintomas:

  • Sensação de alimento preso no peito ou na garganta.
  • Regurgitação de alimentos não digeridos.
  • Dor ao engolir.
  • Azia frequente.

A disfagia esofágica é frequentemente causada por condições como refluxo gastroesofágico (DRGE) e estenoses esofágicas.

3. Disfagia Funcional

A disfagia funcional ocorre quando não há uma causa estrutural aparente para a dificuldade de deglutição, mas ainda assim o idoso apresenta sintomas. Isso pode estar relacionado a questões psicológicas, como ansiedade ou transtornos motores não identificáveis por exames convencionais.

Principais sintomas:

  • Sensação subjetiva de dificuldade para engolir.
  • Medo de se alimentar devido ao risco de engasgo.
  • Episódios intermitentes de disfagia sem uma causa física evidente.

Esse tipo de disfagia exige uma abordagem multidisciplinar para o tratamento, incluindo avaliação fonoaudiológica e psicológica.

Causas da disfagia em idosos

A disfagia em idosos pode ser causada por uma série de fatores, desde condições neurológicas e musculares até doenças estruturais do esôfago. Vamos explorar as principais causas desse distúrbio:

1. Envelhecimento Natural (Presbifagia)

Com o envelhecimento, ocorrem alterações fisiológicas que podem levar à disfagia, mesmo sem a presença de uma doença específica. Esse processo é chamado de presbifagia e pode incluir:

  • Redução da força muscular da língua e da faringe.
  • Diminuição da sensibilidade na garganta, dificultando o reflexo da deglutição.
  • Alterações na coordenação dos movimentos da boca e esôfago.

Embora a presbifagia não seja uma doença, pode aumentar o risco de engasgos e aspiração pulmonar, exigindo cuidados específicos na alimentação do idoso.

2. Doenças Neurológicas

Doenças que afetam o sistema nervoso são uma das principais causas da disfagia orofaríngea em idosos. Algumas condições que frequentemente resultam em disfagia incluem:

  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): Estima-se que 50% dos idosos que sofrem um AVC desenvolvem disfagia em algum grau. O AVC pode comprometer os músculos responsáveis pela deglutição, aumentando o risco de aspiração de alimentos para os pulmões.
  • Doença de Parkinson: Cerca de 80% dos pacientes com Parkinson apresentam disfagia em estágios avançados da doença. Isso ocorre devido à rigidez muscular e à diminuição dos reflexos motores.
  • Doença de Alzheimer e outras demências: A disfagia pode surgir devido à perda da coordenação e à falta de reconhecimento dos alimentos. O idoso pode esquecer como engolir corretamente, aumentando o risco de aspiração pulmonar.
  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): Essa condição degenerativa afeta os músculos envolvidos na deglutição, tornando a alimentação progressivamente mais difícil.

3. Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e Estenose Esofágica

O refluxo gastroesofágico é uma condição comum em idosos e pode levar ao estreitamento do esôfago devido à inflamação crônica. Isso dificulta a passagem dos alimentos e pode resultar em disfagia esofágica.

Outras condições, como esofagite de refluxo, esôfago de Barrett e câncer esofágico, também podem causar disfagia.

4. Sarcopenia e Fraqueza Muscular

A sarcopenia, que é a perda de massa muscular associada ao envelhecimento, pode afetar os músculos da boca, faringe e esôfago, comprometendo a eficácia da deglutição. A disfagia associada à sarcopenia pode levar a um ciclo perigoso de desnutrição e fragilidade.

5. Efeitos Colaterais de Medicamentos

Muitos medicamentos comumente usados por idosos podem contribuir para a disfagia, incluindo:

  • Antidepressivos e sedativos, que reduzem o reflexo da deglutição.
  • Anti-hipertensivos, que podem causar boca seca e dificultar a passagem dos alimentos.
  • Opioides e relaxantes musculares, que diminuem o tônus muscular da faringe.

O ajuste da medicação pode ser necessário para melhorar a deglutição e evitar complicações.

Conclusão

A disfagia em idosos é um problema sério que pode impactar diretamente a saúde e a qualidade de vida. Conhecer os diferentes tipos e causas desse distúrbio é essencial para garantir um diagnóstico precoce e um tratamento adequado.

Se você cuida de um idoso que apresenta sinais de disfagia, é fundamental buscar ajuda profissional, incluindo médicos, fonoaudiólogos e nutricionistas. Com as estratégias certas, é possível melhorar a segurança alimentar do idoso e reduzir os riscos de complicações graves.