O envelhecimento traz diversas mudanças fisiológicas, e uma das condições
Como Diagnosticar Disfagia em Idosos e Testes Utilizados
Como Diagnosticar Disfagia em Idosos e Testes Utilizados
Por:Paola Pucci
A disfagia, ou dificuldade para engolir, é uma condição comum entre os idosos e pode ter consequências graves, como desnutrição, desidratação e pneumonia aspirativa. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Neste artigo, vamos explorar como diagnosticar a disfagia em idosos e os principais testes utilizados para sua avaliação.
A importância do diagnóstico precoce da disfagia em idosos
O processo de deglutição envolve uma complexa interação entre músculos, nervos e estruturas anatômicas. Qualquer alteração nesse sistema pode resultar em disfagia. Com o envelhecimento, ocorrem mudanças naturais que tornam os idosos mais propensos a desenvolver essa condição.
Além disso, doenças neurológicas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Parkinson e Alzheimer, podem comprometer ainda mais a capacidade de engolir. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial para prevenir complicações graves, como a aspiração de alimentos para os pulmões, que pode levar a infecções respiratórias severas.
Os profissionais de saúde, como fonoaudiólogos e médicos, desempenham um papel crucial na identificação da disfagia e na implementação de estratégias para minimizar seus impactos.
Sinais e sintomas da disfagia em idosos
Antes de falarmos sobre os testes específicos para o diagnóstico da disfagia, é importante reconhecer os sinais e sintomas que podem indicar a presença desse distúrbio.
Sinais mais comuns:
- Tosse ou engasgos frequentes ao comer ou beber.
- Sensação de comida presa na garganta ou no peito.
- Dificuldade para iniciar a deglutição.
- Alterações na voz após a ingestão de alimentos (voz “molhada” ou gorgolejante).
- Regurgitação de alimentos.
- Perda de peso sem explicação.
- Pneumonias recorrentes, que podem ser causadas por aspiração de alimentos para os pulmões.
- Tempo prolongado para concluir as refeições.
- Salivação excessiva ou boca seca, dificultando a formação do bolo alimentar.
Caso um idoso apresente esses sintomas, é essencial buscar uma avaliação profissional para confirmar o diagnóstico e definir a melhor abordagem terapêutica.
Como diagnosticar a disfagia em idosos?
O diagnóstico da disfagia em idosos deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, fonoaudiólogos e nutricionistas. O processo envolve a anamnese detalhada, exames clínicos e testes específicos para avaliar a função de deglutição.
1. Avaliação Clínica Inicial
O primeiro passo para diagnosticar a disfagia é uma entrevista detalhada com o paciente e seus familiares para entender os sintomas e o histórico médico. O profissional de saúde pode perguntar sobre:
- Há quanto tempo os sintomas começaram.
- Se os engasgos ocorrem com alimentos sólidos, líquidos ou ambos.
- Se houve perda de peso recente.
- Presença de doenças neurológicas ou uso de medicamentos que possam afetar a deglutição.
Após a anamnese, o profissional realiza um exame físico para observar a movimentação da boca, língua e músculos da faringe.
2. Testes de Rastreamento da Disfagia
Os testes de rastreamento são ferramentas simples e rápidas que ajudam a identificar idosos com risco de disfagia.
Teste de Deglutição de Água (Teste de Volume-Viscosidade)
Esse teste é um dos mais utilizados para triagem da disfagia e consiste em oferecer ao paciente volumes diferentes de água e observar sinais de dificuldade ao engolir.
Procedimento:
- O idoso recebe 5 mL de água para engolir. Se não houver sinais de engasgo, a quantidade aumenta gradativamente para 10 mL e, posteriormente, 20 mL.
- O profissional observa se há tosse, engasgos, alterações na voz ou prolongamento do tempo de deglutição.
- Caso o idoso apresente dificuldades, são testadas consistências mais espessas para verificar se há melhora na deglutição.
Se houver sinais sugestivos de disfagia, exames mais detalhados são indicados.
Testes de Escalas Padronizadas
Escalas padronizadas, como o Eating Assessment Tool (EAT-10) e a Escala de Avaliação da Disfagia de Gugging (GUSS), auxiliam na identificação do grau de comprometimento da deglutição.
- O EAT-10 consiste em um questionário com 10 perguntas que avaliam dificuldades alimentares e seus impactos na qualidade de vida.
- A escala GUSS é amplamente usada para avaliar disfagia pós-AVC e classifica o risco de aspiração em diferentes níveis.
Caso um desses testes indique risco elevado de disfagia, exames instrumentais mais detalhados são recomendados.
Testes instrumentais para diagnóstico da disfagia em idosos
Se os testes iniciais indicarem a presença de disfagia, exames mais avançados podem ser realizados para uma avaliação detalhada da função de deglutição.
1. Videofluoroscopia da Deglutição (VFD)
A videofluoroscopia é o exame mais completo para avaliação da deglutição. Ele utiliza raios-X dinâmicos para visualizar em tempo real o trajeto dos alimentos da boca até o esôfago.
Como funciona?
- O paciente ingere alimentos com diferentes consistências misturados a um contraste radiopaco.
- Um equipamento de fluoroscopia registra o processo de deglutição em tempo real.
- O exame permite identificar falhas no movimento dos músculos da deglutição e o risco de aspiração.
A videofluoroscopia é essencial para definir o tratamento e a consistência alimentar mais segura para o paciente.
2. Endoscopia da Deglutição (FEES – Flexible Endoscopic Evaluation of Swallowing)
Esse exame é realizado com um endoscópio flexível que permite visualizar diretamente a faringe e a laringe durante a deglutição.
Vantagens do exame:
- Não utiliza radiação.
- Pode ser realizado à beira do leito, sendo ideal para idosos acamados.
- Permite avaliar a presença de resíduos alimentares e penetração de líquidos na via aérea.
A FEES é amplamente utilizada para monitorar a evolução do paciente ao longo do tratamento.
3. Manometria Esofágica
A manometria esofágica avalia a pressão e a coordenação dos músculos do esôfago. Esse exame é indicado quando há suspeita de disfagia esofágica, causada por doenças como refluxo gastroesofágico ou acalasia.
Conclusão
O diagnóstico da disfagia em idosos é um processo essencial para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A avaliação deve envolver testes clínicos de rastreamento, exames instrumentais detalhados e uma abordagem multidisciplinar para garantir a segurança alimentar do idoso.
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Paola Pucci
Eu sou Paola Pucci e meu propósito é capacitar e despertar profissionais da saúde para que conquistem reconhecimento, liberdade financeira e segurança na carreira. Sou especializada em Neurogeriatria e, nos últimos anos, tenho me dedicado a qualificar profissionais transformando suas vidas e de seus pacientes.
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